#CasosReais - Cristiana Santos
Desde 2016 o Running Vs Science já teve o prazer de vos dar a conhecer 25 atletas inspiradores, cada um com as suas histórias de vida, vitórias, derrotas, alegrias, tristezas… Todos diferentes, mas no fundo, todos iguais. Porquê? Porque a essência do #CasosReais é mesmo essa: entrevistar pessoas “comuns” que venceram no mundo da corrida. Mas o vencer é relativo. Vencer, para o #CasosReais, significa superação! E todos estes 25 atletas que a rubrica já vos apresentou, superaram-se duma forma tremendamente inspiradora.
Hoje, durante este ano tão “diferente” que é o de 2020, achei que mais do que nunca, precisamos de pessoas inspiradoras. De pessoas que nos fazem levantar de manhã e sentir que “o mundo é nosso” e que podemos ser aquilo que nós quisermos. E por isso… O #CasosReais recomeça HOJE como rubrica mensal! :)
Escolher um atleta para vos apresentar neste mês de agosto poderia ter sido uma tarefa extremamente difícil, dado ao número de pessoas que me inspiram diariamente. No entanto, muito honestamente, quando imaginei este “regresso” em tempos tão difíceis como o que estamos a atravessar, automaticamente senti que esta entrevista teria que ter acima de tudo SORRISOS! Foi nesse momento que se fez luz na minha cabeça: a pessoa ideal para entrevistar neste regresso era sem dúvida a sorridente Cristiana Santos!
Não vos sei dizer ao certo quando conheci a Cristiana exatamente, mas sei que hoje em dia não consigo desassociar a sua alegria contagiante do Running Espinho e do mundo do running no geral.
A Cristiana tem apenas 30 anos e é operadora de caixa numa estação de serviço. Entre um trabalho que exige turnos e a sua vida pessoal, a Cristiana descobriu a paixão pela corrida em 2017 e desde aí, nunca mais parou. Hoje em dia, conta já com tempos brutais e no currículo já conta com alguns pódios :) Vamos conhece-la melhor?
OLÁ CRISTIANA! ANTES DE MAIS, OBRIGADA POR ACEITARES ESTE DESAFIO. CONFESSO QUE O TEU NOME APARECEU AUTOMATICAMENTE NA MINHA MENTE QUANDO PENSEI RETOMAR ESTA RUBRICA. COMEÇASTE A CORRER COM MAIS FREQUÊNCIA EM 2017, QUANDO TE DECIDISTE JUNTAR AO GRUPO RUNNING ESPINHO. PORQUE TOMASTE ESTA DECISÃO DE COMEÇAR A CORRER? QUE IMPACTOS TEVE O RE?
Olá Nádia! Obrigada eu pelo convite e pela confiança! Ser a convidada escolhida para retomares a tua rubrica é uma honra! Espero ajudar :)
Sim, foi em 2017 que “o bicho pegou!”. Já fazia pequenos treinos sozinha antes de conhecer e participar num treino do Running Espinho. Inicialmente, a corrida era para mim uma maneira simples de me manter ativa, até porque nunca foi desporto que me despertasse qualquer atenção. Posso até adiantar que detestava correr no tempo de escola! Resolvi aceitar um convite, que surgiu por parte da minha irmã, a participar num treino do RE e foi desde então que o gosto pelo running se adensou. A organização do grupo e o convívio entre pessoas foram os principais responsáveis pela minha motivação a juntar-me a eles todas as terças-feiras e continuar ao longo destes anos!
JÁ TINHAS PRATICADO DESPORTO ANTES? QUAIS FORAM AS TUAS MAIORES DIFICULDADES AQUANDO O COMEÇO NO MUNDO DA CORRIDA?
Faço aulas de ginástica localizada desde os 19 anos (aulas essas que continuo a intercalar com a corrida). Dificuldades iniciais penso que não tive. Corria só pelo bem-estar e saúde. Apareceram algumas pequenas lesões derivadas da falta de conhecimento. Penso que as verdadeiras dificuldades começaram quando comecei a querer melhorar aquilo que fazia até então. Porque para melhorar (os meus tempos, etc) era necessário sofrer… E eu não gostava de sofrer! :p Aliás, treinos intervalados eram um problema para mim, como deves imaginar!
TENDO UM TRABALHO QUE EXIGE TURNOS, NUNCA TENS UM HORÁRIO FIXO PARA PODER TREINAR. ACHAS QUE ISSO TE PREJUDICA NOS TREINOS? COMO CONCILIAS TUDO?
Penso que não. Acho até que tiro partido deste horário! Não tenho dificuldade em treinar a qualquer hora do dia. O trabalho é que manda nos meus treinos! Se trabalho no turno da manhã, treino de tarde ou à noite. Se trabalho no turno da tarde, treino de manhã! Acredito que quando há força de vontade, tudo se consegue! É esse o espirito. No entanto, prefiro treinar ao fim do dia, se tiver essa possibilidade.
NO ENTRETANTO, DESDE 2017, NÃO SÓ DESCOBRISTE UMA NOVA VERTENTE DA CORRIDA, COMO TAMBÉM A TENS CONQUISTADO: O TRAIL! PORQUE DECIDISTE ENTRAR NESTA VERTENTE? COMO TE PREPARAS PARA ESTAS PROVAS? FAZES TREINOS ESPECÍFICOS?
O Trail? Na verdade, começou apenas como uma curiosidade. Aliás, acho que começa sempre assim! Penso que a minha primeira experiência foi nos Trilhos de Espinho em 2018 (prova que terminamos juntas, lembras-te?). A partir daí, comecei a ponderar participar de vez em quando neste género de provas e desde então seguiram-se mais algumas, tais como: Os Pernetas, Mâmoa, Espigueiros, Santa Iria... Foram poucas mas já guardo boas memórias!
(Trilhos de Espinho 2018, a estreia da Cristiana)
UMA DAS CONQUISTAS NESTA ÁREA DO TRAIL FOI O 2º LUGAR GERAL FEMININO NO TRAIL DE SANTA IRIA. ESTAVAS À ESPERA? COMO TE SENTISTE AO LONGO DA PROVA?
Surpresa total! Dos poucos Trails que tinha participado, este era o mais longo (20km) e portanto seria só mais um para ir buscar uma medalha e uma dor de pernas! No entanto, consegui esse orgulhoso segundo lugar da geral! Fiquei super feliz, como seria de esperar! Na altura, nunca tinha pensado conseguir superar-me de tal forma.
TAMBÉM CONQUISTASTE DUAS VEZES O PÓDIO SÉNIOR FEMININO NA MILHA DA ESPINHO BEACH RUN (PROVA ORGANIZADA PELO SPORTING CLUBE DE ESPINHO), UMA PROVA EXTREMAMENTE COMPLICADA. COMO FOI SUBIR AO PÓDIO NA CIDADE DO TEU GRUPO ELEITO DE CORRIDA?
Quando me sugeriram a vossa prova, a minha resposta foi: "Nem pensar!". No entanto, resolvi aparecer num dos treinos que organizaram que confesso que me custou imenso! Ainda assim, decidi continuar a comparecer no treino da semana seguinte, e por aí em diante. Até que, inscrevi-me na milha! Aqueles treinos penosos ajudaram a conseguir dois lugares no pódio em 2018 e 2019. Tiveram ambos um sentimento especial por serem conseguidos em Espinho!
APESAR DESTES PÓDIOS FANTÁSTICOS NUMA VERTENTE DIFERENTE, A VERDADE É QUE TAMBÉM TENS TIDO UMA EVOLUÇÃO FANTÁSTICA NA ESTRADA! COMO CONSEGUES CONCILIAR ESTES DOIS MUNDOS? ACHAS QUE É FACILMENTE POSSÍVEL SER-SE “BOM” NA ESTRADA E NO TRAIL AO MESMO TEMPO?
O ano de 2019 foi de superação pessoal. Penso que todo o meu empenho naqueles últimos meses refletiram isso mesmo. Comecei a aumentar as distâncias nos meus treinos, com vista à preparação do meu principal objetivo para 2019: a meia maratona! Digo “a” meia maratona, porque seria só uma nesse ano! Mas a verdade, é que acabei por fazer 3!
Tudo isto culminou num excelente fim de ano, onde consegui superar-me também nos míticos 10km, que continuam a ser a distância que mais gosto de fazer.
Quanto a ser facilmente bom em ambos, Trail e estrada, penso que não. Nada é fácil! Mas não considero impossível! Assim se trabalhe para isso!
ALGUMA VEZ PONDERASTE CORRER NUMA VERTENTE MAIS COMPETITIVA (OU SEJA, ENTRAR NUM CLUBE FEDERADO)? PORQUÊ?
Continuo a encarar o running de uma forma descontraída, sem compromissos e só com o objetivo de continuar a superar-me a mim própria, como tenho conseguido até aqui. Sinto-me tão bem assim! Neste momento, pretendo continuar a correr só por desporto, mas o futuro o dirá …
EM MARÇO DE 2020 DEPARAMO-NOS COM UMA SITUAÇÃO COMPLETAMENTE INESPERADA: O COVID-19 E O ESTADO DE EMERGÊNCIA EM PORTUGAL COM CANCELAMENTO DE PROVAS E TREINOS EM GRUPO. QUE IMPACTOS CONSIDERAS QUE ESTA SITUAÇÃO TEVE NA MANUTENÇÃO FÍSICA E MENTAL DOS ATLETAS? COMO FOI PARA TI EM PARTICULAR?
Esta pandemia foi daquelas coisas que eu nunca acreditei que tomasse esta dimensão. Inicialmente, acreditei que seria mais facilmente controlada, mas infelizmente fomos obrigados a mudar as nossas rotinas em prol da saúde pública.
Penso que o cancelamento dos treinos em grupo e das provas desmotivou a grande parte dos atletas. Até porque, os treinos em grupos organizados, não só pelo RE, eram os únicos treinos semanais de uma grande parte das pessoas.
Comigo não foi diferente. Eu não queria parar, mas detestava correr sozinha na rua. Mas eu precisava de continuar a treinar! Porque não queria “perder” o que tinha conseguido até aqui e para manter a sanidade mental durante todo este tempo.
A força de vontade superou o receio e posso dizer-te que durante todo o confinamento/estado de emergência nunca deixei de fazer os meus treinos, sozinha e respeitando todas as regras de segurança impostas.
Acabei até por aumentar até o volume de treinos durante este período pandémico.
ACHAS QUE O CANCELAMENTO DAS PROVAS AFETOU A TUA MOTIVAÇÃO? QUE CONSELHOS DÁS AOS ATLETAS QUE PERDERAM TODA A MOTIVAÇÃO DURANTE ESTA PANDEMIA?
Acima de tudo, eu faço desporto para manter um estilo de vida saudável, por isso continuei sempre focada durante estes meses. Sim, não há provas, mas elas voltam! Portanto, é preciso manter o foco, não nos deixarmos vencer pela preguiça! Porque depois será certamente mais complicado regressar!
A regra é: não para! :) Nem que seja menos vezes, menos kms e mais devagar gente! Mantenham-se ativos, pela vossa saúde!
QUAIS OS TEUS OBJETIVOS NA CORRIDA PARA QUANDO TUDO ISTO TERMINAR? :)
O objetivo principal é poder rever todos aqueles que deixei de ver desde o início desta situação. Tenho tantas saudades daqueles ambientes de treino em grupo! Principalmente, das terças-feiras á noite com o RE! Isso, será certamente o que me vai deixar mais feliz!
Depois pretendo regressar às provas e …. Disfrutar! Acima de tudo!
Se der para melhorar aquilo que já tinha conseguido, fantástico! :)
AGORA, UMA PERGUNTA DIFÍCIL… ESTRADA OU TRAIL? :)
Posso responder "as duas"?! :p
Porque acho que não consigo escolher!!!
Definitivamente, opto por fazer mais estrada do que Trail, neste momento. Na estrada consigo ver melhor a minha evolução pessoal. A minha superação.
O Trail é mais pelo desafio, pela dureza e pelo ambiente envolvente.
Pretendo continuar a focar-me na estrada, mas sempre com o Trail por perto e debaixo de olho! ;)